Blogosfera cresce a ritmo que duplica a cada seis meses
«Actualmente, o mundo divide-se entre os que procuram razões para entrar na blogosfera e os que procuram razões para não sair», sublinhou José Luís Orihuela, que participou, como orador convidado, num encontro sobre weblogs organizado pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Na opinião do especialista, que falava sobre o tema «Porque é que os weblogs (não) vão acabar em 2006», o fundamental dos blogues «não é o seu nome, mas o que representam no acesso e difusão da informação».
«Os blogs não vão acabar em 2006 nem nunca. Quem difundiu a ideia dos blogs como uma moda foram os meios comunicação tradicionais, quando se aperceberam de que deixaram de ter a administração exclusiva do espaço público de comunicação e da agenda», defendeu, em declarações à Lusa.
Segundo o especialista, uma das grandes vantagens deste meio de comunicação é a possibilidade de se adaptar a todo o tipo de formato e de linguagens (texto, imagem e áudio).
A par deste facto, considera, não há nenhuma estrutura mediática tradicional que consiga competir com as pessoas que estão, por exemplo, nos lugares dos desastres e das tragédias naturais ou provocadas pelo terrorismo.
«Ninguém pode competir com as pessoas que estão a viver e a sofrer a guerra, o terror ou uma catástrofe, filmando, tirando fotografias e publicando testemunhos», frisou.
Considerou, por isso, «natural que, por receio, os meios de comunicação tradicional tenham, inicialmente, vendido a ideia de que se tratava de uma moda».
«Repentinamente, no último ano e de forma bastante acentuada, o discurso da moda foi substituído pela incorporação de bloguers nas edições electrónicas dos meios tradicionais», disse José Luís Orihuela.
Actualmente, frisou, «os blogues funcionam em paralelo, complementando e equilibrando o sistema tradicional de comunicação».
Na opinião do especialista, os weblogs deixaram de ser uma ferramenta de elite e tecnologicamente avançada, para se converter numa ferramenta que as crianças de oito anos usam nas escolas ou os directores de empresas e instituições utilizam como meio de comunicação pública.
Apontou a credibilidade como um dos desafios mais importantes na blogosfera.
«Uma parte da credibilidade do bloguer passa pela divulgação pública da sua identidade. Quando a identidade real se esconde ou se omite, o leitor não tem forma de saber que interesses movem o bloguer», disse.
Contudo, Orihuela considera que esse fenómeno, do anonimato ou pseudónimo, é inevitável, porque «por definição um blogue funciona sem auditores».
Por outro lado, acrescentou, «a sanção pública e social da blogosfera vai privilegiando os que revelam publicamente os seus interesses e a sua identida de na hora de escrever».
Intervindo sobre «Blogues Regionais como espaços de cidadania e participação», Catarina Rodrigues, da Universidade da Beira Interior, considerou também que um cidadão anónimo «nunca terá a mesma credibilidade de alguém perfeitamente identificado e a quem possam ser imputadas responsabilidades sobre o que é dito».
Por outro lado, Catarina Rodrigues considerou que o bloguer não é obrigado a revelar a sua identidade, «o que permite uma participação mais descomprometida».
A nível regional, acrescentou, há «personagens» que solidificaram o seu lugar na blogosfera e que conquistaram um significativo número de leitores.
Um «bom exemplo», apontou, é o «Asno», um conhecido bloguer da Beira Interior que promoveu já a criação de vários blogues em diferentes aldeias serranas.
O grande atractivo dos blogues, na opinião da especialista, é o facto de estes poderem ser, simultaneamente, informadores, comentadores, editores ou simplesmente escritores, de diários íntimos ou de assuntos de interesse público.
O 3º Encontro Nacional e o 1º Encontro Luso-Galaico sobre Weblogs, a decorrer até sábado, junta investigadores, utilizadores e interessados em weblogs em Portugal.
Diário Digital / Lusa
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